Eliminações Injustas em Concursos: O Limite do Judiciário e a Importância da Defesa Técnica
DIREITO ADMINISTRATIVO
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Eliminações Injustas em Concursos
O Limite do Judiciário e a Importância da Defesa Técnica
A busca por uma vaga no serviço público exige dedicação, conhecimento e resiliência. No entanto, mesmo os candidatos mais preparados podem ser surpreendidos por eliminações indevidas ao longo do certame. Questões mal formuladas, erros de correção, falta de motivação nos atos administrativos e decisões arbitrárias podem comprometer o resultado e impedir a justa nomeação dos aprovados.
No entanto, há um obstáculo jurídico relevante: a Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal (STF) estabelece que "a Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial". Além disso, a Súmula 346 do STF reforça que "a administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos".
Em relação às provas objetivas, o STF consolidou o entendimento de que o Judiciário não pode substituir a banca examinadora na formulação ou correção de questões, conforme precedentes como o RE 632.853/CE. Isso significa que a Justiça não pode reavaliar critérios técnicos adotados nas provas. No entanto, esse mesmo entendimento admite que o controle judicial é possível em casos de flagrante ilegalidade, como erros grosseiros, afronta ao edital ou desrespeito a princípios constitucionais como legalidade e impessoalidade.
Dessa forma, para reverter eliminações indevidas, é essencial uma defesa técnica qualificada que demonstre, com base em provas e argumentos jurídicos sólidos, a existência de erros materiais, falta de motivação adequada dos atos administrativos ou qualquer outra irregularidade que comprometa a lisura do certame.
Além dos recursos administrativos, a via judicial pode ser acionada quando há violação clara do direito do candidato. Exemplo disso são decisões judiciais que anularam questões com erros evidentes, divergência entre gabaritos oficiais e referências bibliográficas inconsistentes. Além disso, bancas de heteroidentificação para cotistas raciais, quando realizadas sem critérios objetivos e transparentes, também podem ser questionadas judicialmente.
No próximo artigo, aprofundaremos o papel da defesa técnica e os passos para contestar eliminações injustas, garantindo que o candidato tenha sua chance legítima de aprovação respeitada.